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Prazer, me chamo Jonas...

  • Foto do escritor: Jonas Araújo
    Jonas Araújo
  • 29 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 15 horas

Sou psicólogo e apaixonado pelas artes. Comecei a estudar violino aos 13 anos, um pouco antes de entrar no ensino médio e, desde então, tive a sorte de encontrar pessoas que me guiaram para o mundo artístico, proporcionando experiências que moldaram quem sou hoje. Me envolvi com música, teatro, dança e, mais tarde, me interessei por fotografia, tatuagem e artes visuais. Contudo, mesmo já imerso no mundo da arte, acabei ingressando na faculdade de psicologia, que certamente foi uma experiência que colocou uma lupa no meu olhar para o mundo e para as relações humanas. Poderia dizer que tenho como ofício todos os sentidos humanos.


08|03|2021


Decidi escrever.


Escrever nunca foi muito comum para mim, sou iniciante e amador. Desejo Instinto é um projeto de escrita que busco desenvolver há algum tempo. Um espaço para reunir pensamentos e sentimentos do meu trabalho como psicólogo e das minhas expressões artísticas. Um lugar para dar vazão.

Na era das redes sociais, sempre tive dificuldade para entender qual é o melhor lugar onde poderia reunir tudo que penso, sinto e crio. Às vezes, isso me impede de simplesmente fluir, apenas escrever e colocar no mundo. Afinal, não existe momento perfeito nem lugar perfeito. A perfeição é, muitas vezes, a força que rege a procrastinação.

Como reunir tudo o que faço em um lugar só? Ou em vários? Como lidar com as fases em que um ofício assume mais espaço que outro? Esses são alguns dos meus desafios. Não me vejo abandonando algo que gosto de fazer. Acho interessante ir vivendo, fazendo, conectando as coisas, fluindo e transformando. Isso me faz sentir vivo, sempre aprendendo algo novo e experimentando novas formas de ser.


06 | 07 | 2013

Aos poucos, num longo processo de maturação, estou buscando entender como expressar todas as ferramentas de criação que permeiam meu trabalho. Anos atrás, ouvia muito aquele pensamento de que “quem faz muitas coisas, não é bom em nada”, e sempre tive raiva. Raiva pela repressão contida nesse discurso. Primeiro, a obrigatoriedade da especialização como forma de nos introduzir prematuramente num mercado de trabalho. Segundo, o julgamento. Ser bom, o que é ser bom? O imperativo da perfeição mais uma vez, que nos tolhe o prazer do descobrimento e da expansão.

Esse julgamento, que nos tira a possibilidade de ser, adoece nossa alma. A razão de estar vivo. Como diz Mia Couto em O Mapeador de Ausências:

“A maior ignorância não é não saber ler, contar ou escrever. É não saber a razão de se estar vivo.”

Desde cedo, noto em mim uma quantidade de desejo maior do que a que consigo lidar. A vida sempre me interessou muito. E sabemos que desejo gera conflito. Sinto inúmeras ambivalências entre o dito e o não dito, ser e não ser, isso ou aquilo. O conflito é uma característica humana — é preciso aceitar para avançar. E aceitar está longe do que seria resolver tais conflitos.

Não existe início, meio e fim, mas sim uma eterna continuidade onde não enxergamos nitidamente nem o começo nem o fim. Apenas o nosso desenvolvimento, o presente. Certa vez, me falaram que presente não se chama assim por acaso. O presente é um presente. Nesse jogo semântico, é possível perceber que, nos significados contidos nas palavras, há muita sabedoria e ensinamento. O presente é o momento do agora, neste instante. Não à toa, é também uma dádiva que se recebe do mundo ou de alguém, um agrado, uma lembrança, um bem. O presente é tudo que nós temos. O passado já foi, e o futuro ainda não é. Desejo Instinto é uma posição afirmativa para lembrar que o desejo e o instinto, além de intimamente ligados, são a força motriz que nos impulsiona para o desenvolvimento.


14 | 01 | 2018

“Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi — na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.”
Clarice Lispector em A Paixão Segundo G. H.




 
 
 

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